A Igreja Australiana

Muito Além da Via Láctea




Algumas bandas são mais conhecidas por uma música, por um hit, do que propriamente por seus nomes. São as chamadas one hit band, que em bom português significa ‘banda de um sucesso só’. Entre essas bandas destacam-se Spandau Ballet (True), Europe (The Final Countdown – adorada pelos técnicos de som de cerimoniais), The Housemartins (Build – quem não se lembra do papapa papel...), Chris Isaack (Wicked Game), 4 Non Blondes (What’s Up), só para citar algumas. Para mim, esse rótulo soa um pouco generalista, comumente usado por aqueles que escutam música apenas pelo rádio. Grande parte desses nomes citados possui trabalhos interessantíssimos, é o caso dos australianos do The Church.

O The Church surgiu em Sydney no inicio da década de 80, quando o AC/DC já era um monstro sagrado do heavy metal, e as bandas Midnight Oil, INXS e Men at Work consolidavam de vez a Austrália no cenário da música mundial. Os primeiros trabalhos do Church certamente foram ofuscados pelos conterrâneos de maior sucesso, mas em 1988, com o álbum Starfish, a banda deixou todos eles para trás, graças à segunda música do disco: “Under The Milky Way”. A canção chegou ao Top 30 no seu país de origem, apareceu em segundo lugar no Billboard Mainstream Rock Tracks – ranking da revista americana que indica as músicas mais tocadas nas rádios dos Estados Unidos –, ficou entre as 100 mais tocadas no Canadá, na Inglaterra e em vários outros países, inclusive no Brasil, além de ser eleita pelos australianos a melhor canção dos últimos 21 anos.



Mesmo que até hoje, “Under The Milky Way” continue tocando nas rádios e também é figura frequente nos vídeos da madrugada na MTV, a obra do The Church é muito maior do que essa canção. Starfish é um disco maravilhoso, talvez o melhor, mas é apenas o décimo trabalho da banda, e discos anteriores como, o primeiro, Of Skins And Heart (1981), The Blue Crusade (1982) e Heyday (1985) também têm em seus repertórios pérolas como a incansável “Under The Milky Way”.



Fundada pelo baixista e vocalista Steve Kilbey e pelos guitarristas Peter Koppes e Marty Wilson-Piper, o The Church nasceu em meio ao movimento pós-punk que dominou o início da década de 80, na mesma onda de bandas como, The Cure, Echo & The Bunnymen e U2. A peculiaridade do som do Church é que mesmo sem ter tecladista, suas músicas são recheadas de camadas sobrepostas de guitarras, com timbres e afinações diferentes, alternando entre rifss e efeitos repletos de psicodelia, bem próximo ao rock progressivo, sem perder o frescor da música pop.

Entre coletâneas, discos ao vivo e álbuns de estúdio, a banda, que continua na ativa, já lançou mais de 30 discos, e em cada um deles tem pelo menos uma “música-que-gruda-no-ouvido-à-primeira-ouvida” como “Under The Milky Way”. Além do hit-chiclete, compartilho com vocês músicas de outras épocas da banda, e, claro, as melhores do fabuloso Starfish.   




"Under The Milky Way" (Starfish - 1988)



"The Unguarded Moment" (Of Skins And Heart - 1981)



"Field Of Mars" (The Blurred Crusade - 1982)



"Tristesse" (Heyday - 1985)



"Lullaby" (Sometime Anywhere - 1994)



"Snowfaller" (Back With Two Beasts - 2005)



"A New Season" (Starfish - 1988)



"Destination" (Starfish - 1988)



"Sparks" (Starfish - 1988)



"Antenna" (Starfish - 1988)



"Lost" (Starfish - 1988)